quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Música de bolso.




No bolso, ela tentava carregar apenas o que lhe convinha ao pegar o ônibus: o dinheiro, um chiclete e o fone de ouvido. Em seu universo colorido, pasta era só de dente. Não levava nada à mão, o que tinha estava no bolso. Muitos bolsos, aliás. E ali se alojava bilhetes, fotos, papel de bala... isso era o tudo que ela adorava guardar. Sempre estava atenta para nada lhe cair. Era apreço pelo que tinha, mesmo quando muitos diziam que era pouco, ou era nada.
Há quem diga que seu coração também ia no bolso, e ela só o tirava de lá quando bem lhe convinha. De risos e abraços ela entendia bastante, mas preferia guardar no bolso de trás somente as gargalhadas e os desejos pro ano seguinte.
Agora, vai saber o porquê de ela correr quando o sol escurece. Parece medo de ser vampiro, mas de vampiro não tem nem os dentes. Então, deve ser medo de ser livre demais e lhe meterem a mão em algum dos bolsos. Se levam dela alguma parte que lhe cabe nos bolsos, levam também uma parte do coração. É sim, ela guarda o coração no bolso: em todos.

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