quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Sobre o conter.

Chegou bem perto. Respirou fundo. Pensou muito. De tanto pensar desistiu, era o que sempre acontecia mesmo. Ela já estava acostumada com esse jeitão dele de dar para trás na hora mais sublime. Aproveitou para respirar fundo também, ter uns três segundos de pouca oxigenação para que pudesse imaginar como deveria ser o caminho do sim, do passo à frente, do acontecer.
Havia coisas que, sabidamente, nunca mudariam. Não era só o não ter, mas também os machucados incuráveis de tanto futucar, as mãos queimadas de nunca usar a luva para tirar o bule do fogão, os pés gelados mesmo que por horas embaixo do edredom. Claro, não mudariam, nunca. Ela já havia aceitado esse permanecer de coisas em série, em costume, desde o bom dia até o boa noite. Chateada ficava, sim, de vez em quando, mas só mesmo quando se deparava com o fim da linha, que era por demais triste encarar o fim, assim, de caras limpas e mãos vazias.

(continua...)

Um comentário:

Nana disse...

"é o fim da linha e agora?"