segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Pela saudade

Estava um passo a frente do que desejava. Podia sentir o descompasso. Mas a vontade de voltar nunca era suficientemente forte para levá-lo até o aeroporto. Um misto de covardia e ansiedade o fazia imóvel por longos vinte e sete minutos cada vez que esse sentimento esquisito de retorno o tomava.
Vários foram os vínculos ali naquela cidade, todos não passavam de tentativas vãs de se fixar em um lugar morno que era o que representava aquele amontado de gente pelas ruas. Respirava fundo com frequência e, nem percebia, mas fechava os olhos por exatos três segundos quando tentava se convencer de que tudo aquilo era o melhor.
Dos erros, vinha descalço pelo corredor. O chão não era taco, o interruptor ficava longe da porta, o descompasso era realmente imenso para quem se acostumara por tanto tempo com algo que já não era. Esquecia dos compromissos só quando queria, ou quando não queria querer. Era fácil ser estranho em meio ao silêncio do excesso.
Optava pelo descanso sempre que possível, evitava cruzar a multidão senão por um bom motivo. Deitado ali, ficava, se deixassem, até uma semana. Tudo fazia um pouco parte do processo de recompassar o descompasso, mesmo que não parecendo eficaz. Tinha um medo profundo de aprisionar almas por sentimentos difíceis e indigestos. Preferia nem pensar, mas pensava.

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