quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O querer cessar!

Apara. Estanca. Espalma. Arranja um jeito de parar. Pressiona um fim intencional. Ela achava mesmo que viver era um tubo de ensaio. Vivia querendo apagar, tentar de novo, recomeçar.
Explodia a cada esquina, por amor ou pavor. Que não era fácil seguir em frente, ser contínua - era o que mais repetia desde os 12 anos de idade. Colava fotos em pratos descartáveis só para distribuir pela casa, como algo colecionável.
Nasceu Maria por certidão, mas se sentia mais Paula ou Fernanda, quem sabe. Vestia o que combinava com a cor dos seus olhos, mas só andava de óculos escuros. Preferia espelhos cobertos para alcançar o equilíbrio saudável dos dias. Batia palmas para acender as luzes ao abrir a porta do quarto. Mantinha as janelas abertas por detrás das cortinas fechadas para se dedicar integralmente a imaginar quais nuvens possíveis passariam pelo céu naquele instante.

2 comentários:

Cinthia Belonia disse...

"Vestia o que combinava com a cor dos seus olhos, mas só andava de óculos escuros." Me identifiquei no meu jogo de esconder todo e qualquer sentimento achando que meus olhos diziam tudo... Nunca disseram.

sarah vervloet disse...

Um tubo de ensaio: em vez de viver experiências, só ensaiava. Adorei!