sábado, 27 de junho de 2009

o quê virá.

Ela quis ficar descalça por acreditar que, descalça, ela iria mais longe, longe do atrito da sola dos sapatos apertados, que a detinham de dar passos largos. Eram sempre tão escassos, os passos daqueles sapatos. Eram sempre apertados, os sapatos e o coração. O quê lhe seguia?
Tudo que trazia no bolso não passava de retratos, triste fatos, meio amassados, molhados - difícil saber se do suor da caminhada longa ou se das lágrimas do sofrimento arrastado. O quê esquecia?
Se ela queria continuar a caminhada, nem ela sabia. Já não pensava mais, nem mesmo quando sentia os calos machucarem. Mas sentia, o quê sentia?
Sem saber, ia, indo, ia. Sem nem perguntar pra onde ou porquê. Sentia que era uma caminhada mal-iniciada e nunca-terminada, mas não sabia do quê.
O quê que importa não lhe dizia muito, nem conseguia pensar o quê, no quê.
No quê que deu, ninguém sabe. O quê que lhe fez ir pode até ser descoberto, mas nunca interpretado. Pra quê?

2 comentários:

Priscila Milanez disse...

O que virá, quem sabe? importante é ir...ir indo...rs

Pris Queiroz disse...

vamos para sermos, não é?!

só indo alcançamos. (o quê?)só sabemos quando chegamos...