sábado, 13 de agosto de 2011

Sobre meu pai e mais.

"simples, meu pai, faça um samba 
enquanto o bicho não vem"
(Sérgio Sampaio)

Disse que queria algo mais, talvez uma casa, uma esposa, filhos pra criar. E, porque quis, assim fez acontecer. Primeiro, veio a casa, junto com o emprego estável e também a distância da que, então, era sua casa. Mas, mesmo com medo do acaso, ele não pestanejou, disse que sim e assim, sim, foi sendo. Depois, sem demora, veio o amor, o grande amor, o maior amor do mundo, o qual ele nem poderia imaginar que um dia seria para ele, com ele, dele. E amor tem dessas coisas, da gente não saber o quê...
Premeditou casamento, pedido em casamento, mesmo parecendo pouco o tempo: arriscou. E, como um dia ele tinha dito sim para ser, não era justo que este se virasse em não, logo agora que esta dicotomia se fazia evidente e necessária. Transpuseram, afixaram na história um sim momentaneamente risonho e frágil, o mesmo que se transformou em vida conjunta, cumplicidade e amor - acima de tudo. Ele e ela, agora eles.
De parte à parte: faltava uma fase. O último desejo que, na verdade, era o grande motivador de tudo que havia vivido até ali. Planos, compras, decisões: tudo era pequeno, mínimo, quando ela - a outra - apareceu para abrilhantar toda a história deles que, numa vida só, agora inflavam por darem vida a mais uma pequena coisa pouco delineada, contudo imensuravelmente bela e delicada, de forma inatingível.
Mas, como tudo na vida, tornou-se um vício, talvez um capricho, querer aquela emoção mais uma vez. Ousariam eles novamente? O não nunca coube no vocabulário dele, nem dela, ambos vivem pelo motivo do sim, inexplicavelmente sim.
E, sim, veio outra. Podia ser outro, mas foi outra e eles, enfezados como eram, acreditam até hoje - acredito - que foi predestinação tê-las consigo, para ensinar a preparar as asas e alçar voo. Voo este que iniciou rente ao chão e que, hoje, anda lá pelos maiores picos, entrelaçando-se em outros voos também ousados.
Ora sim ora também: foram e estão assim vivendo. Afinal, o que é viver senão uma projeção em outrem do que um dia se quis pra si? Intensificaram o amor e, assim, alcançaram o sublime-amor.
Amor que é bom dura mais do que sorvete de morango, não importando o verão - ou o inverno.


2 comentários:

tarsila disse...

Lindo! Lindo! Lindo!
...O que parecia simples e previsível, na sua ótica, ficou heroico, como toda saga de um pai.
Por falar em pai, eu o amei mais
nesse momento!

Meirielle disse...

lindooooo amiga!