sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sobre o mistério.

Ela, por mais que tentasse se aproximar, só apreendia uma interrogação. Ele queria assim: distância. Ela não entendia bem o porquê e tentava se libertar do abismo e do mistério que os envolviam. Em vão, ela o buscava por becos, ruas e corredores, a qualquer hora do dia. Sempre o encontrava em meio a tantos no mesmo horário e local, mas ele fugia, assim, como quem diz não querer ficar, mas querer tentar uma aproximação de longe, pelo olhar ou por laços de abraços fechados e marcados por sim ou não, oi ou tchau.
Para ela, uma angústia. Para ele, uma dúvida. Angústia na dúvida se transforma em medo, sufoca alternativas e expectativas. E foi assim que ela pensou e concluiu: desistir era a saída. Tentativas frustradas sempre geram cansaço, que sequenciam uma desistência que poderia ser ínfima perto do desejo de estender o tempo por perto, do toque das mãos e das palavras.
Deu as costas e foi, sem saber o que ele sempre quis de verdade, mas certa de que prevaleceu o que tinha de ser. Uma pena, ele pensou. Estava acostumado a lidar com mulheres menos vis, equívoco analítico dele. Ela ainda suspirou, quis olhar pra trás, mas quem desiste precisa seguir na escolha de ir em frente, o fraquejo, por mínimo que seja, pode ser por demais fatal, dilacerar destinos e estômagos.
Adquiriu gastrite, insônia e repugnância de si: essa era ela pós pós amor mal resolvido, ou nunca nem expresso. Viajar dentre as linhas de um caderno virou hobby e, agora, o que restara além daqueles versos?

Um comentário:

Anônimo disse...

Ok, o que é "Reações", Vocal!?

A sensação de TER que desistir por não enxergar como prosseguir foi retratada com sensibilidade e de maneira a dar um toque de lembrança superficial a todos que já passaram por isso.
Gostei!