domingo, 2 de outubro de 2011

Sobre o futuro.

Sempre se perguntava como seria, como ficaria, onde estaria. Cansada por não achar respostas e nunca alcançar o em si, calou-se e permaneceu inerte consigo mesma. Decidiu que assim seria até que houvesse algum despertar. E o despertar chegara, de mansinho, tão manso que ela não percebera.
Tanto era o mar que ela ficou deslumbrada, não sabia exatamente onde deveria pisar para reter bem o que era a água engolindo a areia e levando-a com si até voltar e levá-la ainda mais um pouco, num infinito sem-parar e sem-perder. Das horas, só sabia os ponteiros, não enxergava que aquele tic-tac indicava algo maior que a surpreenderia em breve. Chegava, com as horas, aquela chance de voar a qual ela sempre nunca teve coragem de imaginar para não ficar gostando.
Talvez fosse viajar - pensou. Viajou uma, duas, três vezes e, assim, a viagem começou a fazer parte da sua lista de personalidade, dessas que sempre pedem para preencher em formulários de canção ou casas de sonhos. Fez-se, então, como o mar, que vai e vem e vem e vai. Sem parar, sem perder: ela entendeu o que era pra ir, o que era pra ficar, o que era pra ser. E foi...
Não que nunca tenha voltado para bisbilhotar o baú das lembranças, para lembrar da boneca de pano que fora obrigada a brincar quando criança. Mas, quando voltou, esteve leve, como pluma em oceano distante. Leve como quem deixa as perspectivas no futuro para que possa viver o hoje de tal maneira voraz que nem mesmo os pés sejam capazes de acompanhar. Dançava passos além, eram passos tão bem que começou a pensar que já era feliz, assim. Mas não era, nunca é. Apenas será.

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