domingo, 22 de setembro de 2013

Sobre o deixar.

Precipitou e disse que iria ficar mais uma noite, mesmo que no sofá. Um vazio mais insistente do que aquela dor na coluna que vivia de doer mesmo depois de três dipironas seguidos.
Tentava forçar a cabeça contra o travesseiro para esquecer. Em menos de duas horas, seria quinta e a quarta vez que resolveria ir embora sem ir. Difícil mesmo liberar qualquer coisa que se tem por assim dizer, de dentro pra fora. Querer ir não parecia o suficiente para ir de fato, e isso já a transtornava havia meses.
Estava se acostumando ao sofá, à sala de estar e até mesmo àquela mesa de centro em que diariamente topava com o pé. Talvez um sinal de desequilíbrio, mas interpretava como distração por parecer mais óbvio.
Num misto de medo entre entregar as chaves e caminhar até a rodoviária, sentou para pensar numa alternativa que não envolvesse mudança. Mas era tão complicado pensar antes mesmo de tomar uma xícara de café que momentaneamente desistiu.

Um comentário:

Flávio Borgneth disse...

Vida parada e um leve tom de domingo de tardinha. Eu até pensei que ele ia, mas nem foi. Morreu do café que não fez.
Eu volto!