sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

São domingos.

Era uma segunda tranquila, como qualquer outra terça. Acostumara a ligar o som, volume 16, tango argentino, numa belíssima despedida do final de semana, sempre tão penoso para ela. Não fora diferente, a não ser pela tranquilidade descomunal daquele sétimo andar na avenida mississipi. No tango, o mesmo pulsar que nela se aparava. Sentiu um súbito desengano com a vida, mas logo percebeu que se tratava apenas de uma falta de ar repentina. Lembrou que esquecera de comprar os remédios da asma, que já ensaiava um retorno desde sexta à noite. Ofegante, pensou que, talvez, ficar quietinha ali naquele sofá tão espaçoso pudesse ajudar. Em vão. Nenhuma farmácia ainda fazendo entregas. Como se não bastasse ser domingo.

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