sábado, 5 de abril de 2014

Com dores

Das emoções de tudo, estava prostrada, tentando me reerguer de um pequeno susto do estalo do chuveiro que agora queimava sem arder toda a parede do banheiro. Eu nem queria sim nem não acreditar que o que acontecia ali era apenas uma consequência de um dia errado que não deveria nem ter tentado começar. Nada me tirava a ideia fixa de que aquela depressão matinal não me tomou à toa quando o relógio despertou às sete horas da manhã, tão cedo demais para refletir sobre depressões e seus acasos.
Se queimar era a alternativa que me cabia naquele momento, eu pensava, que eu não corresse e nem fugisse. Há alguns dias já andava determinista o bastante para não mexer nem um dedo para me levantar dali. Morrer de fogo era um tanto sintomático, meu momento era de fato de ardência interna. Nada mais verossímil que arder de fora para dentro, num ar funebremente quente, que não deixava de ser uma forma de também calar a dor, definitivamente.

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